segunda-feira, abril 18, 2005
GLOBALIZAÇAO
Há certos aspectos da dinâmica das relações mundiais que escapam completamente à minha compreensão. Um dos casos que me deixa um pouco perplexo é a atitude do Ocidente face à China. Antes de mais, sublinho que o desenvolvimento do sul da Ásia é um dos feitos mais notáveis do capitalismo. Hoje, uma grande parte dos asiáticos goza de padrões de vida que até há bem pouco tempo eram privilégio dos ocidentais. Este enorme sucesso deve-se, sem dúvida, à economia de mercado e ao Ocidente e eu congratulo-me com isso, embora gostasse de ver um ambiente mais democrático. O que me inquieta é pensar que Lenine talvez tivesse razão, embora geograficamente deslocado. Costuma atribuir-se a Lenine uma expressão que basicamente referia que os capitalistas ainda iriam vender aos soviéticos a corda com que estes os iriam enforcar. Descontando o barbarismo da imagem, isso não estará a acontecer no presente com a China? O crescimento da China é, em grande parte, conseguido à custa de um fenómeno generalizado de deslocalização nunca visto anteriormente, que abrange actividades industriais, tranformadoras e extractivas, comerciais e de serviços. Em resultado disso temos um gigantesco défice comercial, uma dívida monstruosa (sobretudo no que toca aos EUA) e uma extensa legião de desempregados em crescendo. O que não sei se toda a gente tem em conta é que este gigante económico que estamos a criar está a pontos de se transformar também num colosso militar, cujos objectivos não são inteiramente claros, e dispõe de um sistema político totalitário, com uma eficácia com que a URSS nunca sonhou. A Europa, ou parte dela, pretende agora, alegremente, eliminar as restrições à venda de armas. Será mesmo que lhes querem vender a corda?
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