quinta-feira, março 10, 2005

O Congresso do CDS

A saída de Paulo Portas, não sendo boa para o Partido, era inevitável, mas é também uma oportunidade para mudar.
Não há Portismo sem Portas, não vale a pena fingir que tudo fica na mesma, que só muda o líder e o resto mantém-se. Nada mais enganador, se o Partido não aproveitar agora, para se reorganizar, se estruturar modernamente, e trazer caras novas, teremos uma reciclagem sem sucesso.
Paulo Portas construiu o Partido à sua medida, e muito bem, tivemos êxitos e vitórias, e algumas desilusões, mas o saldo é francamente positivo. Com a sua saída, sai também um estilo, um programa, uma atitude, e principalmente devem sair alguns dirigentes, sejam nacionais ou locais, que cresceram á sua sombra sem acrescentarem nada ao Partido.
Com a saída de Paulo Portas fecha-se um ciclo, um dos ciclos mais cativantes da história do Centro-Direita em Portugal.
É preciso que seja entendido por todos, fecha-se um ciclo, não se repete, a história não volta atrás, se tivesse acontecido isto, se o não sei quantos não tivesse dito aquilo, se o não sei que mais tivesse dado o apoio, nada disso interessa agora.
Para já o que interessa, é o Partido, amanhã o País. Para pudermos voltar a “sermos importantes”, temos que pensar seriamente em mudar, mudar de mentalidade, modernizarmo-nos. Um novo líder não pode ser somente uma cara nova, saída de reuniões a três ou quatro, tem que ser um presidente com poder para no congresso dizer quem quer ter com ele.
Tem que ser um Presidente que não tenha medo das Autárquicas, e que não comece já a fazer alianças com Distritais, caciques locais, e demais Eminências pardas do Partido.
Tem que ser um Presidente que rompa com o passado, no bom sentido, aproveite o que Paulo Portas ainda tem para dar, mas que trilhe o seu caminho.
Não se pode ficar à espera do Congresso de aqui a dois anos a pensar na hipotética volta de Portas, não temos tempo, o CDS é um Partido que tem que batalhar sempre. E tem que começar desde já, dizendo o que quer para as Autárquicas, a que tipo de candidatos dá apoio, e a que personagens não apoia de maneira nenhuma. Se quer consolidar o apoio da classe média, ganho nas últimas eleições, ou volta aos mercados e feiras. Se quer continuar a discutir assuntos que interessam a todos, ou volta aos dogmas indiscutíveis. Se se quer abrir, chamar cada vez mais gente de diversos quadrantes, ou seguir a lógica imberbe de retirar fotografias da sede.
É por isso que o Congresso de Abril é tão importante, temos que discutir ideias e programas, se for apenas uma redistribuição de lugares na Directiva e no Conselho Nacional, então não vale a pena.

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