O companheiro de blog José Mexia, escreveu algo que me diz directamente respeito: falou dos P.S.D.'s descontentes com a anterior liderança.
Desde logo se separem as águas: uma coisa foi a anterior liderança, outra bem diferente é o partido. Esse é o repositório imaterial de toda uma memória e tradição, que o faz o mais reformistas dos partidos políticos portugueses desde o 25/04 (já é um lugar comum ouvir-se isto...).
A este valor simbólico e determinante acresce que o P.S.D. é um partido cheio de gente de valor, como, de resto, o foram muitos dos Ministros do anterior Governo, como Aguiar-Branco ou António Mexia, entre outros.
Na verdade, se o voto fosse ad hominem, sem dúvida a pertinente argumentação não soçobraria. Todavia, num voto transportam-se as pessoas, mas também as ideias, os valores, as convicções que são apanágio de um dado partido político. Reduzir o P.S.D. a P.S.L. é um vício de raciocínio, além de ser extremamente redutor. Um partido é muito, muito mais do que um líder.
Sucede ainda que na mercearia dos números, o que parece ter havido foi uma deslocação de votos da classe média alta e alta que é fiel ao P.S.D. para o C.D.S - basta constatar o aumento exponencial de votos no C.D.S. nas freguesias mais urbanas do país, e mais privilegiadas, como sejam a Lapa em Lisboa ou Nevogilde e Foz do Douro no Porto. Fruto de uma deslocação do eleitorado social-democrata para o P.P..
Finalmente há a acrescentar que os votos dos laranjas descontentes no P.P. não remediariam nada. O facto infeliz é que o centro-direita e a direita perderam, em conjunto, as eleições. E quem as decidiu ? O centrão. Essa massa informe cujo princípio norteador é o pragmatismo militante. Mais votos dos P.S.D.'s descontentes no P.P. não passariam de deslocações de votos nos parcos e preocupantes 36% da direita portuguesa.
O que é preciso é aprender com os erros, pois melhores dias virão. Seguramente.
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