JCS deixou um comentário em que refere que o P.S.D. é o culpado pelo estado a que o país chegou, quer em termos próximos (derrota da coligação e queda do Governo) quer no que tange à evolução do país nos últimos 30 anos, assacando-lhe, pois, responsabilidades pela situação socio-económica actual(vide comentários ao post "Os P.S.D.'s")
Desde logo, a argumentação carece de ser demonstrada e terá, fatalmente, de improceder.
Vejamos:
O P.S.D. é, na verdade, um partido com vocação de poder e com eminentes responsabilidades na Governação do país democrático. Tal facto é uma evidência. Porém, não foi o único, longe disso. E se o país hoje está como está, na cauda da Europa, não é seguramente por sua causa. Não façamos ouvidos de mercador a 7 anos de "desgoverno" socialista, em que o despesismo, o laxismo, a falta de autoridade e do diálogo do vazio, nos legaram um país estraçalhado e deprimido.
Numa palavra, não se pode escamotear que o Guterrismo, em vez de basear o crescimento do país num real fortalecimento da economia, estribando-se em critérios de produtividade e competitividade, preferiu criar um estado enganosamente solidário, e em que o modelo de crescimento era, apenas e só, baseado no consumo. Nomeadamente no consumo privado. Daí a importância decisiva da concessão crédito. Aliás, um dos motores da economia, ao tempo, foi a famosa "bolha do imobiliário".
Ora, a irresponsabilidade de um modelo de crescimento errado, viciado e pernicioso, teve consequências desastrosas. A solução encontrada? Foi o aumento da despesa do Estado. Enquanto durou um bom clima internacional tudo foram rosas. Mas os ventos mudaram e apareceram os espinhos. Descobriu-se o déficit orçamental. E houve quem tivesse avisado que se estava a criar "O Monstro". Exactamente, o Prof. Cavaco Silva.
Não é correcto, pois, querer responsabilizar o actual estado da nação ao P.S.D.. Que umas meras eleições não façam olvidar anos de despesismo militante.
Por outra banda, a crise na coligação governamental e o desaire eleitoral, não encontram, somente, explicação nas atitudes dos social-democratas no seu todo.
Sem dúvida, a palaciana transmissão de poder Barroso/Santana foi decisiva para o estado de coisas. Mas foi também um estilo de governação populista, personalizado e ultra-mediatizado que criou as condições para o triste desenlace. Reconheço, porém, que Paulo Portas foi sagaz, optando sempre por uma postura responsável e cuidadosa. Já Santana Lopes, ofuscado pelas luzes da ribalta, permitiu que à sua volta se criasse uma imagem de contradições. Ora, com semelhante postura, mal fora que não houvesse gente crítica e atenta. Foi o que sucedeu. Culpar os críticos internos do P.S.D. pelo sucedido, parece-me manifestamente abusivo e redutor. O resultado eleitoral deve-se a uma liderança errática, titubeante que não logrou provar que merecia a confiança dos portugueses. Culpar o partido é querer ver a árvore e não olhar para a floresta.
Todavia, sempre se diga que na actual e ingrata situação, não faz sentido P.S.D. e P.P., acusarem-se mutuamente e quererem, cada um, sacudir a água do capote. Só cavará mais fundas as feridas ainda expostas.
É preciso que a direita e o centro-direita façam um exame profundo de consciência. Cair numa espiral de acusações mútuas não passará de puro masoquismo auto-flagelante. Há que repensar o passado para prover o futuro. Com uma esquerda a 60%, temos muito trabalho pela frente...!!!
Sem comentários:
Enviar um comentário