Curioso o silêncio que se sente sobre o debate realizado no programa Prós e Contras...! Foi edificante, numa toada séria e de partilha de opiniões. Retirando o "apelo ao voto" no P.S. de Mário Soares e Freitas do Amaral - não se podem interpretar as suas declarações finais noutro qualquer sentido - foi um contributo importante para a discussão pública dos problemas nacionais.
Não foi tanto a novidade das ideias que relevou, mas sim a sistematização do diagnóstico ao país:
- A mudança o paradigma nacional: o espaço nacional não pode ser reduzido aos 92.000 Km2, mas ampliado a toda a União Europeia;
- A dependência de factores exógenos: num Mundo cada vez mais globalizado, são os riscos de uma economia aberta;
- A reforma que se impõe ao país: a da Administração Pública (sentido lato: Justiça, Adm. Fiscal, Adm. Pública sentido estrito, Ensino, Saúde, etc.);
- A denúncia das corporações anquilosantes da nação: a fixação a prerrogativas de privilégio por parte das "corporações" profissionais manieta as vitais reformas que se impõem;
- O "outsourcing" a que a Tutela recorre, e que se revela numa despesa escandalosa de 50 milhões de euros: olvidando os seus próprios meios - a que a Administração Central deveria recorrer;
- O afastamento dos cidadãos da política e dos políticos: a falta das clássicas grandes causas;
- A profissionalização dos políticos: o carreirismo e a subida dentro dos aparelhos partidários, o desincentivo do voluntarismo, a recompensa de uma domesticada acefalia;
- O sistema eleitoral: o sistema misto alemão, os círculos uninominais, a responsabilidade directa dos eleitos;
- A falsa mediação dos órgãos de comunicação social: em vez de serem veículos de informação são, eles próprios, meios de formatação da opinião pública;
- A corrupção nas autarquias locais: um fenómeno cujas consequências ainda não foram realizadas em toda a sua extensão;
- Os riscos do estado da nação: a própria União Europeia!
Foi tudo isto, e algo mais, que perpassou pelo ecrán da TV. Dito por quem tem a obrigação de, civicamente, denunciar e ajudar a encontrar novos caminhos. E que ainda exerce real influência não só na opinião pública e publicada, mas no país profundo. Perde-se mais uma oportunidade, um mote, para lançar um debate, realmente, abrangente, que abrace o país. Não remetido ao circuito fechado dos políticos profissionais, amadores e seus espectadores. Numa palavra, para quem, nesta amada pátria nossa, lê jornais.
Pena é, pois, que um manto de ensurdecedor silêncio tenha envolto tudo isto...!
Mesmo na blogosfera (com a louvável excepção do Nortadas) pouco ou nada se comentou...! Porquê???....!
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