segunda-feira, novembro 22, 2004

PSD Porto suicidou-se

O PSD Porto é, como se sabe, um case study que já leva alguns anos a marinar na paranoia da sua subalternização. As declarações mais recentes do Dr. Luís Filipe Menezes voltam a confirmar - como se com isso alguém ganhasse alguma coisa - que o ainda presidente do maior conselho-dormitório do país não consegue ultrapassar a derrota que a si próprio infringiu quando não quis candidatar-se à Câmara do Porto nas últimas autárquicas, estendendo a passadeira vermelha (mesmo que ninguém pudesse antecipá-lo) ao seu rival Rui Rio. A culpa só a si próprio é imputável, mas é uma verdadeira tristeza ver-se como alguém com algum capital político não consegue ultrapassar um mau momento. Só para piorar, Menezes conta agora com outro rival: Marco António Costa. A sua subida a uma secretaria de Estado qualquer - saiu-lhe aquela, mas podia ser outra - vai reservar-lhe o ódio de Luís Filipe, que, ou muito me engano, ou passará já esta semana a ser publica e notoriamente destilado.
Mas a subida de Marco António a secretário de Estado revela também a falta de esclarecimento do PSD Porto: Costa andou durante três anos a queixar-se da falta de representatividade do Porto no Governo (como se isso fizesse algum sentido), o que queria dizer qualquer coisa como «lembrem-se de mim, que até já desisti da Câmara de Valongo». Lembraram-se. Agora está tudo bem: o PSD Porto vai calar a voz crítica, porque agora a cidade passou estar plenamente representada no Governo. Pode não ser um suicídio, mas que é uma primeira veiazita cortada por uma lâmina aguçada, lá isso é. Até porque passa assim a ser uam distrital bem comportada. O outro é que tinha razão: do Norte a Sul por Santana Lopes, ou lá como era a letra estúpida da canção do congresso. Fica um desafio: quando o Governo despedir Miguel Cadilhe - o que há-de acontecer dentro de pouco tempo - a ver vamos se Marco António se lembra de se queixar da representatividade do Norte. Por mim, é certo que vai ficar caladinho, o que de certeza não aconteceria se não tivesse subido a secretário de Estado. É destas tretas que se faz a política do Porto.

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