terça-feira, novembro 30, 2004

O artista português (parte II)

Desculpar-me-á o meu Amigo Carlos Furtado que pegue no assunto por si tratado (Avelino Ferreira Torres) para dizer duas ou três coisas - por muito pornográfica (isso mesmo) que a matéria seja. Por uma razão que só sociologicamente é compreensível, Avelino evolui no âmago da política regional portuguesa como se fosse um supra-numerário. Isto é, tanto o PP (que admite um flibusteiro daqueles nas suas hostes) como o PSD (que lhe fornece apoio precioso) têm uma forma interessante de comentarem as evoluções do senhor: assobiam para o lado quando a coisa entra exactamente no lado pornográfico da política, mas não se esquecem de dele retirar dividendos nos dias das eleições autárquicas. A coisa é caricata e só não é risível porque é medonha. Num país civilizado, com partidos políticos civilizados e eleitores civilizados, o homem já teria morrido politicamente há muitos anos. Mas em Portugal não: a coligação manifesta-lhe, mesmo que envergonhadamente, apoio político todos os quatro anos e depois - porque outra coisa é impossível - deixa-lhe redea solta para o senhor fazer aqueles espectáculos que todos conhecemos. E a culpa acaba sempre por morrer solteira (uma espécie de mal nacional que, de tão sistemático, já deve ser genético) quando, ao menos neste caso, os culpados têm nomes que todos conhecem.

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