Depois de o Governo ter falhado a formação da saudável e bondosa central de informações - como se não tivesse já uma, liderada por um antigo jornalista chamado Paulo (o Nortadas oferece uma comenda a quem souber o apelido) - Pedro Santana Lopes, que neste momento é o que Portugal tem de mais parecido com um primeiro-ministro, ficou obrigado a avançar com o plano B. Ou seja, lá teve que retirar da linha da frente da exposição mediática o errático e sempre inesperado Rui Gomes da Silva (candidato ao melhor tiro no pé do ano), colocando sobre os ombros largos de Morais Sarmento todo o peso da defunta central de informações. Com o seu estilo de boxer (do género «ou ouves o que tenho para responder ou levas uma cabeçada que nem te levantas»), Morais Sarmento é, quer seja perante as câmaras de televisão quer seja perante a câmara de deputados, o ministro mais apetrechado para rechaçar as investidas sobre o Governo. E como tem ideias fixadas e fixas sobre temas tão incontornáveis como o serviço público de televisão, o papel do Estado nos media ou a bondade das intervenções terroristas dos comentadores políticos, não podia estar mais bem desenhado para o papel. Com Morais Sarmento a absorver o serviço de 'front office' do Governo, Lopes fica com tempo e saúde intelectual suficientes para se dedicar àquilo que neste momento mais o preocupa: saber em que mês do próximo ano (provavelmente algures no último trimestre) é mais eficaz arranjar uma pega inultrapassável com o Presidente da República. Seja como for, quer Morais Sarmento quer Rui Gomes da Silva são, em definitivo, candidatos muito bem colocados ao concurso Santanetes 2004. Como se sabe, se o vencedor for uma mulher, o prémio será uma noite de sonho num hotel dos arredores de Lisboa; se for um homem, será um lugar na administração da Caixa Geral de Depósitos.
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