Um maldito virus que atacou o meu computador e a a minha total falta de jeito para resolver o problema deixou-me de fora mais algum tempo do Nortadas. Mas mais uma vez voltei e prometo que desta vez vou tentar ficar. Devo assumir que estes tempos de licença sabática me deram para reflectir sobre uma crítica a um blogue excessivamente político. Por isso hoje - e sem entrar em excessos como a descrição do combate aos piolhos nos cabelos dos filhos - decidi escrever um post um pouco mais intimista.
Para além da actividade política, também tenho uma outra como docente numa faculdade da invicta. Neste momento, a primeira tira-me mais tempo que a segunda, apesar de esta ser, como é evidente, aquela que tem um carácter de maior permanência.
A minha faceta a de professor permite que todos os anos conheça novos alunos. Como qualquer ser humano dono de juízos de natureza subjectiva gosto mais de uns do que outros, assim como sei que alguns me odeiam e outros me toleram. É normal que assim seja e por isso não vem qualquer mal ao mundo. Não serão esses juízos que retiram o profissionalismo do professor que ensina e avalia e do aluno que aprende, estuda e é avaliado.
Mas entrando no cerne da questão este ano lá fui para a cerimónia de imposição de insígnias um pouco atrasado, mas sem deixar de chegar a tempo àquela acção fernética de tirar capa, pôr as fitas dentro das pastas, deslaçar a gravata, pôr laço (malditos alfinetes)e a roseta, dar a cartola e a bengala e ..zupa três maretadas na tola da alma que se apresenta à frente.
Devo dizer que é precisamente esta a altura que me faz repensar os massacres que vou fazendo durante a ano a alguns dos meus alunos por causa da praxe. É que tudo tem um princípio, um meio e um fim, e quem quer passar para além do Bojador tem de passar para além da dor. Desde que tudo seja feito sem exageros aquele até é um meio de inserção (atenção que não estou a legitimar os cábulas), de construção de amizades, e em alguns casos de algo mais. E esse algo mais é que me vai passar a ocupar.
Como é sabido estas sessões dão direito a alguns discursos que são momentos em que mesmo os mais resistente sentem aquele nó na garganta - boys don`t cry - pois há sentidos momentos de agradecimento, saudade e devoção. Mas entre estes não resisto a descrever dois. Um assiti. Outro foi contado.
O primeiro foi num momento alto. A estrela da praxe preparava-se para ser cartolado. Com muita competência lá foi. Começou o discurso mas no fim chegou o momento central. Depois de uma versão emotiva do "eu sei que tu sabes que eu sei que tu sabes que eu sei" tudo termina com um abraço apertado na prometida perante um salão nobre em delírio depois da perfomance de um dos comentadores do Nortadas.
Mas, sinceramente, o melhor ainda veio depois. Uma aluna de cartolo na cabeça diz a quem a queria ouvir que namorava há muito tempo e que queria casar. O pedido de casamento estava efectuado. O futuro noivo manteve-se firme a filmar a cerimónia para que aqueles que no futuro a queiram ver não percam pitada. A sala ficou num efeito de desorientação total. Devia para qualquer uma das situações ter instalações sonoras em que se pudesse ouvir, e de acordo com as escolhas pessoais, Frank Sinatra, Adamo, ou Tony de Matos. Devo dizer que em qualquer dos casos podia até ter vindo a baixo.
Mas lá ficou à espera de outras cerimónias. Para que eu babado, e de forma muito pouco convencional, lá vá podendo dizer alunos como os meus neste mundo não há. Para todos muito boa sorte.
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