A edição do Jornal de Notícias de sexta feira tinha uma notícia espantosa. Li uma vez, segunda vez, e à terceira fiquei convencido. Era mesmo verdade.
Sob o título "Eleições são desperdício" era descrita uma visita do líder da Nova Democracia, Manuel Monteiro, à feira semanal de Barcelos. Entre a distribuição de panfletos foi sugerido por Monteiro o fim das eleições europeias. Passo a citar: "É um verdadeiro desperdício que se torna negativo para a própria ideia de Europa que as eleições para o Parlamento Europeu sejam ignoradas pela maioria dos cidadãos" continuou então "O melhor será voltar à eleição pelos parlamentos nacionais dos representantes de cada partido".
Apesar de não deixar de sublinhar o altruísmo destas afirmações - pois desta forma garantidamente que Monteiro ficaria de fora - as mesmas são de um populismo e demagogia sem limites. Para além de uma visão inaceitável da democracia levam a confusão em relação a duas realidades políticas diferentes. Hoje, a União Europeia necessita de uma qualquer forma de representação directa dos povos, desde logo, de todos os portugueses - comam ou não jaquinzinhos. Não tem razão de ser que a União Europeia vá exercendo cada vez mais novas competências e não tenha uma qualquer modo de legitimação democrática directa. Quem pretende o normal e positivo aprofundamento da ideia de Europa terá sempre de defender estas eleições.
É evidente que não se pode negar que a abstenção nestes actos eleitorias tem sido alta. Mas isso só será ultrapassado se os políticos valorizarem estas eleições. O caminho não é do propor o seu desaparecimento.
Espero que com a campanha a demagogia e extremismo de Manuel Monteiro não vão em crescendo. Espero, também pelas reacções da esquerda a este afloramento de ideias que tinham desaparecido do nosso espaço político. Será que vão apresentar um voto de protesto no Parlamento?
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