segunda-feira, março 08, 2004

Mais alguém que parte sem partir

O artigo de Ana Drago, identificada como dirigente do Bloco de Esquerda, é espantoso desde o seu início até ao fim.
Para provar isso mesmo nada melhor do que algumas transcrições seguidas de pequenos comentários:

"Num país que não respeita os meus direitos eu não quero viver" - Não se percebe bem qual o destino alternativo;

"Não consigo perceber como a sua bancada parlamentar tenha recusado um novo referendo que permita descriminalizar o aborto" - Eu posso explicar. O voto parlamentar negativo foi para defender o referendo de certas vontades que apenas o querem repetir para que se "permita descriminalizar o aborto", isto é para que se alcance o resultado que pretendem. Os referendos são o meio para permitir a expressão livre e democrática dos cidadãos. Não são o meio para alcançar o objectivo que determinada corrente de opinião anseia. Sou contra o princípio de alguns "de referendo em referendo até à vitória final";

"Por isso, queria que soubesse que hoje Dia Internacional da Mulher, é mais um dia em que procuro novos caminhos para saber o que faço da minha revolta com a sistemática condenação do meu direito ao meu corpo" - É sistemático este argumento, mas não é na barriga que pretensamente mandam. No minímo, é uma possibilidade de vida que extinguem. Uma boa leitura é com toda a certeza a ultima nota da Conferência Episcopal Portuguesa, e já agora a lei de 1984 que refere casos de interrupção voluntária da gravidez não punida;

"Ser mulher, aqui neste pequeno país, é carregar o peso-pesado de uma concepção machista que vigia o corpo feminino e o peso morto de uma classe política sem coragem para consagrar a modernidade democrática" - A referência à classe política faz lembrar Manuel Monteiro (de facto os extremos tocam-se) e a "modernidade democrática" não pertence àqueles que se auto denominam como modernos, mas antes aos que pretendem resolver os problemas do dia de hoje, como por exemplo a enorme quebra da natalidade e suas consequências;

"No passado dia 3 mostrou que não é um grande homem. Mostrou que não pertence àquela cepa de gente que nos momentos difíceis...sabe estar à altura das situações. Acobardou-se, preferiu olhar para o lado, esconder a cara...E isso eu que sou mulher, não lhe posso perdoar." - Esta tentativa de superioridade dos defensores de certas opiniões só faz com que os comuns mortais façam outras opções. Sem esconder a cara e de acordo com as suas legítimas opções. O respeito pela instituição parlamentar leva a que me insurga perante estas formas de tratar os deputados. Todos, os que lá estão e aqueles que por lá passaram merecem esse respeito.

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