sexta-feira, janeiro 30, 2004

BBC

Em Inglaterra, esta semana tem sido politicamente muito animada. Desde a votação do novo sistema de propinas - o que aconteceria cá no burgo se um Governo apresentasse uma proposta não digo igual, mas parecida com a do Governo Trabalhista - à divulgação do relatório Hutton, a vida de Blair tem andado ainda mais frenética do que o habitual.

Mas verdadeiramente avassaldora foi a semana da British Broadcasting Corp. Este respeitado este meio de comunicação social viveu uma das suas situações maís difíceis da sua longa história. Em dois dias, demitiram-se o seu presidente do Conselho de Administração, Gavyn Davies, e o director geral, Greg Dyke.

A razão para este descalabro é simples. O relatório Hutton, mantido em total segredo durante meses, foi avassalador para a BBC. Afinal foi esta
que "apimentou" a notícia sobre o relatório "apimentado" relativo à situação no Iraque de Saddan Hussein.

A BBC que sempre se caracterizou por uma posição hostil ao Governo ou oposição oficial, e nunca escondeu uma vertente crítica quanto às instituições britânicas e política externa americana, desta vez tinha exagerado. De facto, há limites que não podem ser ultrapassados e os principais responsáveis de uma qualquer instituição têm de o saber.

A reacção da estação tem sido de discordância quanto ao conteúdo do relatório (no que aliás são corporativamente seguidos pelos restantes mass media), mas isso não impediu que as consequências fossem retiradas de forma clara e celere. Se fosse cá já tinham saído inúmeros comunicados e tudo estaria na mesma porque afinal todos tinham razão. Se calhar é por isso que enquanto alguns lutam apenas por audiências, a BBC, apesar de tudo, não só as tem como mantém a credibilidade necessária a um meio de comunicação social.

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