segunda-feira, janeiro 12, 2004

Aveiro-Salamanca

A visita do Primeiro Ministro ao Porto trouxe boas notícias. Entre estas destacam-se: o lançamento do concurso para a concessão da Douro Litoral (fecho de quatro auto-estradas, conservação de outras vias e construção de um ponte sobre o Douro), a abertura na Maia do Gabinete de Plataformas Logísticas, e da agência da REFER no Porto. São bons sinais, devem ser aplaudidos e remetem para assuntos mais delicados como a visão da rede ferroviária em Portugal.
O tema da alta velocidade é essencial para o nosso destino colectivo. Tive a oportunidade de ouvir na conferência do Diário Económico sobre esta matéria que a rede prevista de alta velocidade - terminada em 2025 - vai diminuir os tempos de trânsito do meio ferroviário entre 60 a 80%, vai reequilibrar os modos de transporte com uma quota de mercado de 26% para o comboio, vai gerar um valor acrescentado bruto de 14,5 biliões de euros e vai reduzir os custos ambientais em 2,1 biliões.
Outra das vantagens está no fomento da integração regional e no reforço da competitividade das cidades portuguesas. Sobre essa matéria retive que a rede vai ligar Braga, Porto, Aveiro, Viseu, Coimbra, Leiria, Lisboa, Évora e Faro. Deixa de fora 44% dos nossos concelhos, 19% da nossa população e 13% do PIB.
Começo por salientar que estes números demonstram que o nosso país está muito desiquilibrado. Veja-se que aproximadamente metade dos nossos concelhos contribuem apenas para 13% daquilo que se produz...
Por outro lado, a rede vai servir fundamentalmente o litoral. Possivelmente era difícil que fosse de outra forma. Apesar de tudo pode servir como como um estímulo para o desenvolvimento e acelerador para a criação de um país com uma razoável rede de cidades médias o que já é bastante positivo. Assim este projecto de ter um forte apoio.
Em concreto para o Porto, a rede de alta velocidade pode ser fundamental para que esta zona se afirme como centro do Noroeste Penisular. Uma vocação inter-modal com ligação ao Aeroporto e ao Porto de Leixões é para esse efeito essencial. Mas para esse efeito verdadeiramente central será a linha Aveiro- Salamanca, pois só com esta se assegura uma ligação eficiente desta região ao centro da Europa. Uma viagem Porto-Madrid passará a durar menos de 3 horas (mais precisamente 2 horas e 56 minutois) quando hoje dura 8 horas e 23 minutos.
Esta linha, cujas obras se vão iniciar em 2012, determina grande parte da razão de ser deste projecto para o Porto. É caso para dizer que o sucesso deste depende daquela. É precisamente por isso que todos os políticos da região deveriam sublinhar a prioridade que está em causa. Sem que se entre em estéreis afirmações bairristas o país tem de saber qual a necessidade desta linha ferroviária para o seu desenvolvimento.
Infelizmente os principais actores políticos da região estão distraídos com outras questões. Mas a partir de agora já não há qualquer espécie de desculpa. O Governo assumiu o compromisso agora há duas tarefas: não o deixar cair no esquecimento e começar a pensar nas melhores formas de o potenciar. Parece que não mas o ano de 2012 tem de começar a ser preparado.

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