terça-feira, janeiro 23, 2007

Raios e coriscos

Assim como o meu bom amigo João, também eu mudei de casa, há mais tempo, bem sei, mas ainda assim também tive uns episódios caricatos.
Um desses episódios prende-se com o facto do prédio ser antigo, duma altura em que se ligava um pouco mais à arquitectura do que à funcionalidade.
Neste caso são as escadas com curvas demasiado apertadas para passar, por exemplo, um sofá, quanto mais um piano. Hoje em dia tudo é diferente e pensado ao pormenor, desde os acessos aos elevadores até ao sítio para deixar o lixo.

Ora bem, quando estava na dita mudança, não consegui passar os sofás que a minha cara-metade em má hora resolveu mandar fazer. Não passavam nas escadas e o acesso ao elevador era impossível, ainda pensei em deita-los no lixo, tal foi o desespero de ver dois mastodontes no meio da rua durante não sei quantas horas, mas com isso arranjaria um problema ainda maior.

Foi ai, no meio daquela situação que amaldiçoei o arquitecto do meu novo imóvel, raios o partam.

Claro que eu não queria que um raio partisse ao meio o desgraçado do arquitecto, mas estava irritado com o facto de ter que desembolsar mais uns cobres para pagar uma grua.
Se naquele momento passasse por ali um jornalista sem nada para fazer, ou mesmo um repórter da TVI, provavelmente questionaria este infeliz contribuinte do IMI.
E eu responderia que a culpa tinha sido da minha Mulher que tinha feito uns sofás demasiado grandes, ou que eu era um nabo a conduzir sofás.
Mas também podia responder irritado, dizendo em directo para o Jornal Nacional da TVI que desejava que o arquitecto ficasse parecido com um torresmo minhoto quando uma tempestade de raios o perfurasse de cima abaixo.

Claro que as situações são diferentes, pois uma coisa é a irritação com o Homem que desenhou o meu prédio, e que se calhar fez as escadas e o acesso ao elevador desta forma de propósito para me chatear, e outra é a ofensa pública.

Se confrontassem o arquitecto com as minhas declarações, provavelmente a única coisa que ele diria, era de que eu me tinha posto ao nível dos carroceiros que me ajudavam.

E se no seguimento de toda esta "polémica" tivesse que responder ao canal dos morangos com açúcar, a pior coisa que eu poderia fazer era esconder-me atrás do dicionário de português, ou dizer que não era bem um raio que eu queria que atingisse o arquitecto, mas sim uma faísca de isqueiro.

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